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A Incrível História Do Homem Que Enxergava sem os Olhos – Henry Sugar – Olhar Simbólico e Filosófico

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Henry Sugar ©Alfarrábios da Alma, 2025.
Sumário

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O maior truque não está nas cartas, mas na mente. A história de Henry Sugar revela que a verdadeira magia não está na sorte, mas no poder de transformar sua percepção. O que você acredita ser impossível pode estar ao seu alcance.

Resumo do Filme

O filme Incrível História de Henry Sugar – Olhar Simbólico e Filosófico, de 2023, é um dos mais estilizados e cativantes entre os filmes de curta metragem da Netflix, que fazem a quebra da quarta parede. Dirigido por Wesley Wales Anderson e tendo como estrelas principais Benedict Cumberbatch e Ralph Fiennes, o filme conta a história de um homem rico que descobre um misterioso livro sobre um iogue capaz de enxergar sem os olhos e decide aprender essa habilidade para ganhar dinheiro no jogo. O filme recebeu o prêmio de Melhor Curta-Metragem, pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (Oscar 2024).

Henry Sugar leva uma vida de luxo e tédio até encontrar um manuscrito que relata as façanhas extraordinárias do Dr. Chatterjee e do iogue Imdad Khan. Fascinado pela possibilidade de enxergar sem os olhos, Henry embarca em uma jornada obsessiva de aprendizado e disciplina. Mas o que começa como um truque para enriquecer rapidamente se transforma em algo muito maior, desafiando sua visão de mundo e seu propósito na vida.

Com a estética teatral característica de Wes Anderson e uma narrativa envolvente, o filme mistura humor, filosofia e fantasia, conduzindo o espectador por um conto repleto de reviravoltas e reflexões profundas.

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Um Olhar Profundo (Início do Spoiler)

Introdução

Imagine se você fosse capaz de enxergar de olhos fechados! Você simplesmente se concentra em um objeto dentro de uma caixa com os olhos fechados e consegue ver todos os detalhes desse objeto? Que coisa interessante, não? Para que você usaria esse poder? Você poderia descobrir segredos, observar através das portas, dentro das casas, talvez? Você poderia se declarar um mestre, pelo seu raro poder!

E você teria muitos seguidores ávidos por saber como você conseguiu tamanha evolução! Afinal, os olhos talvez sejam o nosso sentido mais importante! E você pode dispor deles assim, numa boa? Mas você também poderia usar esse poder como um ardil, com astúcia, para enganar e ludibriar! E então, o que você faria?

Resumo do Filme sem Spoiler

Em “A Incrível História de Henry Sugar”, nós acompanhamos a jornada de Henry, um homem rico e ganancioso, obcecado por dominar uma técnica extraordinária: enxergar sem usar os olhos. Essa habilidade, ensinada por um guru misterioso, abre as portas para um mundo de oportunidades no jogo de pôquer, onde Henry a utiliza para trapacear e acumular fortunas.

Mas a busca incessante por poder e riqueza cobra um preço alto. Henry se torna cada vez mais arrogante e impiedoso, ignorando as consequências de suas ações e colocando em risco seus relacionamentos mais próximos. À medida que se afunda na obsessão pelo jogo, ele precisa enfrentar os próprios demônios interiores e aprender uma dura lição sobre os verdadeiros valores da vida.

Dirigido por Wes Anderson e baseado no conto homônimo de Roald Dahl, o filme é um curta-metragem de 40 minutos, cativante e reflexivo, que explora temas como ganância, ambição, o poder corruptor do dinheiro e a importância da ética. Com um visual impecável e atuações impecáveis, “A Incrível História de Henry Sugar” é um deleite para os fãs de Anderson e de histórias instigantes que nos fazem questionar nossas próprias prioridades.

Lançado em 2023, o filme foi muito aclamado pela crítica e recebeu o Oscar de Melhor Curta-Metragem em Live Action na 96ª cerimônia do Oscar, realizada em 2024. Este foi o primeiro Oscar da carreira do diretor Wes Anderson, que já havia sido indicado oito vezes anteriormente.

Adivinha quanto custou ao Netflix para incluir no catálogo esse filme? 500 milhões de dólares! No IMDB, o filme tem a nota 7.4, avaliado por mais de 71 mil usuários.

O filme é estrelado por Ralph Fiennes, fazendo o papel do próprio Roald Dahl, que é o escritor do conto que deu origem ao curta, que começa contando a história. O Henry Sugar é representado pelo Benedict Cumberbatch.

E temos a presença marcante de Ben Kingsley, que representa Imdad Khan, o homem que enxergava sem os olhos. Aliás, o Ben fez muitos papéis como indiano, afinal, ele é um indiano! Foi ele quem fez o Gandhi, o Ditador, o Médico (do filme O Físico e Noah Gordon), entre muitos outros em que ele tem papéis de projeção.

Diante dessas sumidades, só poderíamos ter um filme excelente! E com essa produtora Indian Paintbrush, que também fez “O Grande Hotel Budapeste”, temos um filme surpreendente e instigante!

Significado Místico (Início do Spoiler)

O filme começa com o Sr. Roald Dahl, que é interpretado por Ralph Fiennes, sentado em um sofá contando a história de Henry…

Ele conta que Henry Sugar era um homem rico que nunca trabalhou e que tinha tudo que queria, pela herança recebida do seu pai. Ele era muito ganancioso e sempre queria mais e mais dinheiro. Aqui, um ponto muito importante sobre a história. Henry não era nenhum homem de caráter, em busca da iluminação. Não, ao contrário, ele era um homem sem caráter, trapaceiro, que frequentava os cassinos e gastava o dinheiro que recebeu de herança e ainda queria muito mais. Assim, o filme já vai te oferecendo uma pintura meio feia do Henry Sugar.

Um dia ele foi convidado para um jogo de cartas na casa do riquíssimo Sr. William W. E aqui o filme já vai ficando instigante e curioso, você já vai saber porquê.

A quebra da 4ª parede

Tem algo muito surpreendente e interessante no filme, que o pessoal de cinema vêm chamando de “a quebra da quarta parede”, que mostra algumas cenas do cenário se transformando em outro cenário. É como se eles estivessem incluindo no filme o modus operandi do filme, ou seja, o know how, o como fazer o filme. Mas transformando esse “know how” em arte. Sabe a coisa mais fantástica de um artista? É que ele é uma espécie de Rei Midas, porque tudo que ele toca se transforma em arte!

Essa coisa de derrubar a quarta parede tem origem no teatro de Bertolt Brecht, um dramaturgo alemão muito conhecido do século 20, que desenvolveu essa ideia no contexto do seu teatro épico, que tinha objetivo de usar o teatro como uma forma de despertar no espectador o seu senso crítico.

A ideia da quarta parede é colocar alguma cena de realismo no filme, no teatro, no livro, na ficção, seja ela qual for, para fazer com que o espectador se lembre de que aquilo é só um filme e não a vida real. Por exemplo, eles podem fazer um personagem se dirigir para a plateia, ou mostrar os cenários sendo construídos.

O efeito disso é que o espectador vai se lembrar de que aquilo é ficção e não a realidade. E isso pode causar espanto, mas ao mesmo tempo, vai fazer com que o espectador se desligue um pouco da história com algum senso crítico e comece a refletir sobre a história. E assim, ele passa a prestar mais atenção nas cenas e assistir de forma menos passiva e mais instigado com a história.

Isso também aconteceu com o filme “O Milagre”, que nós já fizemos um review aqui no canal, que aliás, é um filme fascinante também!

E você se lembra de um famoso escritor brasileiro que também faz uso desse recurso? Sim, um escritor mais antigo, do século 19. Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três! Isso aí, ele mesmo! Machado de Assis! Ele inovou já no século 19 com essa ideia de quebrar a quarta parede, ou a quarta página, ou a quarta capa, sei lá. Enfim, nos seus livros, ele tinha o hábito repentino de começar a filosofar conversando diretamente com o leitor.

Mas é bom que você saiba que Machado de Assis nasceu (1839–1908) antes de Bertold Brecht (1898–1956), quase 60 anos antes, de modo que ele não foi influenciado pelo Brecht. Talvez o contrário também não tenha acontecido, o que me faz pensar naquilo que se chama em alemão de “zeitgeist”, que é uma época em que muitas pessoas estão se debruçando sobre algum problema ou algo novo e, meio que, ao mesmo tempo, muitas delas encontram a mesma solução ou a mesma invenção!

Possivelmente, devido ao período das guerras mundiais, foi um tempo em que as pessoas se ocuparam muito de inovações em todas as áreas.

A biblioteca

Na casa do amigo para o jogo de cartas, Henry passa por vários portais e vai parar em uma grande biblioteca. Isso tem um grande significado simbólico, porque a passagem por portais sempre indicam que a pessoa está passando de uma situação para outra completamente diferente, ou que ela está vencendo uma etapa, que ela conseguiu subir de nível, ou mesmo ganhar o jogo. Ou que a pessoa conseguiu passar por um teste muito difícil e um portal se abre para novas oportunidades pela sua vitória.

E essa entrada do Henry em uma biblioteca tem, talvez, esse significado de que ele está procurando por algo novo que a ganância não conseguiu oferecer para ele. E que, mesmo tendo muito dinheiro e todas as coisas materiais e sensoriais que ele queria, mesmo assim, ele não estava satisfeito com a vida. E, em algum momento, aqueles desejos do ego estancaram e ele não se interessava mais por tudo que ele já tinha e podia vir a ter, era só querer.

O Livrinho Azul

Mas na biblioteca, diante de tantos livros, ele vai se interessar por um pequeno livrinho azul sem título! Mas por que as pessoas se lembram tão facilmente da cor e não do título? Porque a mente da maioria das pessoas é mais visual! Porque nosso cérebro tem facilidade em formar as imagens e as cores fazem parte das imagens. É aquele velho ditado: uma imagem vale mais que mil palavras. E pelo jeito, essa coisa da pessoa lembrar do livro pela cor da capa é um fenômeno mundial! kkkkkk

Bem, mas esse tal livrinho de capa azul era um relatório de 1935 que trazia a interessante história de Imdad Kahn, o nosso querido e talentoso Ben Kingsley, que é justamente o homem que enxergava sem os olhos!

Imdad era um senhor já idoso que trabalhava num teatro mambembe e ele foi até um hospital e conversou com os médicos, dizendo que ele tinha a habilidade de enxergar sem os olhos. Ele tinha os olhos saudáveis, não era cego! Mas ele podia ser totalmente vendado e ele continuava enxergando tudo, sem nenhum problema! No teatro, ele se apresentava e fazia um show usando a sua habilidade. Então, ele foi a esse hospital para que os médicos pudessem comprovar sua habilidade.

No hospital, ele conta sua história para os médicos, e um deles, o Dr. Chatterjee, anota tudo na forma de um relatório e decide fazer um experimento colocando uma venda nos olhos do Sr. Imdad para ver se ele conseguia realmente ver sem os olhos. E ele consegue, o que deixa o médico surpreso e entusiasmado em divulgar essa história e com novas descobertas científicas. O relatório desse médico é exatamente o livrinho azul que é lido pelo Henry Sugar.

A história dentro da história

Agora, observem uma coisa interessantíssima e riquíssima nesse conto! Primeiro, nós temos a história do escritor Sr. Roald Dahl, que conta a história do Henry Sugar, que conta a história de Imdad Kahn e assim por diante. Vejam que criatividade e que capacidade esse escritor teve de integrar muitas histórias, uma dentro da outra.

E se você olhar a história da sua vida, será que você consegue ver quantas histórias estão dentro da sua história? Percebe como as nossas vidas são como pequenos pontos de uma imensa rede de linhas e pontos e que a nossa história é um pequeno ponto, que se liga à história de nossa mãe, que é outro ponto, e do nosso pai, que é outro ponto, e dos nossos irmãos, outros pontos. E de nossos avós, bisavós, tataravós e assim sucessivamente. Ou melhor, antecessivamente, porque eles vieram antes e antes e antes kkkkk

Assim, nós somos esses pequenos pontos de história dentro da grande malha do universo e estamos todos conectados por essas linhas de tempo e espaço que nos separam, mas que ao mesmo tempo, nos mantêm unidos.

Eu sempre gosto de ouvir as histórias das pessoas e tenho muita vontade de escrever todas essas histórias porque acho todas elas tão interessantes! A vida de cada pessoa, de cada ser humano, de cada ser vivo, é algo tão interessante e é uma espécie de saga em direção ao crescimento da consciência.

E o escritor, ele pode ter esse papel, de tornar a vida aparentemente simples e insignificante de uma pessoa em uma saga de herói, na forma de uma lenda, de uma parábola ou de uma ficção bem inventada!

E quem sabe se a história de Henry Sugar é ou não é verdadeira? Eu não colocaria minha mão no fogo!

O Homem que Enxergava Sem os Olhos

E então a história do Sr. Imdad é contada em detalhes pelo médico Dr. Chatterjee. Resumindo, o Sr. Imdad se juntou a uma Companhia de Teatro Itinerante quando ele tinha 13 anos em 1886 e permaneceu com eles durante 13 anos. Nesse período, ele ficou muito famoso e acumulou um bom dinheiro. Foi então que ele saiu da companhia e foi procurar um famoso iogue que era capaz de levitar.

Com dificuldade, ele encontrou esse iogue e viu que ele realmente levitou a cerca de 40 cm do chão. E ele conseguiu que o iogue contasse para ele, a um certo custo, o segredo da levitação.

O iogue disse: “A mente é algo disperso. Ela se ocupa de 1.000 itens diferentes ao mesmo tempo. […] Deve aprender a concentrar sua mente de modo que possa visualizar, quando quiser, um item, e nada mais. Com treino, deverá ser capaz de aprender a concentrar sua mente consciente em qualquer objeto que escolha por cerca de 3,5 minutos.”

Mas o iogue advertiu que isso levaria cerca de 20 anos, se feito com esforço diário e contínuo. O Sr. Imdad ficou apavorado, porque ele achava que já estaria muito velho quando ele finalmente conseguisse!!! Mas o iogue disse que era assim mesmo, que só alguns raros conseguiam em pouco tempo, de 1 a 2 anos. A maioria levava mesmo os 20 anos.

Agora, vamos pensar sobre esse exercício. Será que tem alguém no mundo que teria essa disciplina para ficar 20 anos fazendo esse exercício de concentração? Provavelmente, são raros os que conseguem! Assim, você já vai imaginando que esse Imdad deve ser uma pessoa rara, já que ele conseguiu depois de algum tempo, certo?

Enfim, Imdad se conformou e fez os seus exercícios ensinados pelo iogue durante 5 anos, concentrando-se na foto do seu irmão que havia morrido. Ao final desse tempo, ele conseguiu se fixar por 1,5 minuto.

Quando ele tinha 34 anos, uns 10 anos depois, ele conseguia se concentrar na foto do irmão por 3 minutos sem pestanejar! Ou melhor, sem sua mente pestanejar! Foi então que ele começou a perceber sua habilidade de ver com os olhos fechados surgindo. Ele já conseguia ver os contornos das coisas com os olhos fechados. E o iogue tinha dito pra ele que isso era possível para algumas pessoas. E ele era uma dessas raras pessoas que desenvolveu a habilidade de enxergar sem os olhos!

Durante 8 anos ele fez vários exercícios com os olhos fechados procurando se concentrar para identificar as coisas e então ele já conseguia até mesmo ler um livro vendado. No entanto, ele participava de companhias de teatro itinerantes e este era o seu número. Assim, ninguém acreditava que fosse real, todos achavam que era pura mágica o que ele fazia.

Mas era real, porque ele realmente conseguia enxergar sem os olhos. E por isso ele fez questão de ir até aquele hospital contar aos médicos e pedir que eles fizessem experimentos com ele. Mas ele já estava velho e depois de contar tudo e se deixar experimentar como um rato de laboratório, ele morreu. E o médico, que estava cheio de esperanças em curar todo tipo de pessoas com a técnica do Sr. Imdad, se viu frustrado e abandonou aquele relatório, que, de alguma forma, foi parar na biblioteca do rico Sr. William W. na Inglaterra.

Mas observem que coisa interessante! Esse homem, Sr. Imdad, não era nenhum ganancioso ou charlatão, ele realmente aprendeu o exercício de concentração e conseguiu ir até o extremo que o iogue tinha dito, que era enxergar sem os olhos, o que era algo muito raro, dito pelo próprio iogue!

Agora, isso me deixou com a pulga atrás da orelha, porque, no meu entendimento, a Yoga é uma tradição filosófica e prática para que a pessoa possa se unir ao Todo ou desenvolver uma paz interior de modo que as coisas passageiras deixam de ter significado ou importância para essa pessoa.

Uai! Mas o Sr. Imdad fez dez anos de exercício de Yoga e parece que não serviu pra nada, porque ele usa o poder que ele adquiriu com a prática da Yoga para seus fins pessoais. Ele usa o seu dom incomum para ganhar dinheiro com um circo! E exibe esses dons como uma coisa extraordinária e incomum, mas não usa com uma finalidade nobre!

Então, fiquei pensando: seria possível fazer tantos anos de prática de Yoga e ainda assim, não se conectar com a nobreza do espírito? Esse é um assunto complexo que vamos deixar para um outro vídeo…

A História de Henry Sugar

Inspirado pela história do Sr. Imdad, começa a história de Henry Sugar, que fica instigado ao ler sobre o indiano e torna aquela ideia de ver sem os olhos o seu objetivo de vida nos próximos 5 anos. Mas enquanto o Sr. Imdad havia usado suas habilidades apenas para sua atividade no circo, Henry foi muito mais esperto! E desonesto! Ele percebeu que poderia ganhar rios de dinheiro, usando essa habilidade para ler as cartas do baralho pelo verso! E sempre ganhando os jogos dos quais participasse. E poderia ganhar grandes somas de dinheiro em apostas.

Usando uma vela, um castiçal e uma régua, Henry seguiu todo o passo a passo que estava no relatório e concentrou-se no seu próprio rosto. Aqui notamos algo muito simbólico, que é a ideia de Narciso, do narcisismo. O ego de Henry era tão forte, que ele não tinha sentimentos nem mesmo por seus familiares mais próximos, sua mãe, seu pai, ou irmãos. E também não era casado. Era como se não tivesse sentimentos, nem necessidades, porque era suprido de tudo sempre.

Então, não havia nada interessante, nem importante para ele no mundo. A não ser um novo desafio impossível: o de ver sem os olhos! Pela primeira vez na vida, ele se dedicou a algo com entusiasmo genuíno.

Sua dedicação era tanta que em 6 meses ele já podia manter a concentração no seu próprio retrato por 3 minutos sem nenhum pensamento invadir sua mente. Depois de 1 ano, por 5 minutos e meio. Ou seja, ele foi ainda muito superior ao Sr. Imdad, conseguiu muito mais rápido!

Foi quando ele decidiu iniciar seu treino com as cartas de baralho, enxergando sem os olhos! Depois de 3 anos e 3 meses de esforço diligente e ininterrupto, ele conseguiu ver as cartas do baralho em menos de 5 segundos e se sentiu confortável para ir ao cassino. Ele conseguiu e ganhou muito dinheiro com isso!

E aqui voltamos para a nossa reflexão, pensando tanto no caso do Sr. Imdad, quanto de Henry Sugar. A Yoga é um caminho de união com a Existência, com a Unidade. Ou não? Essa era minha crença até agora. Então, partindo desse pressuposto, será que depois de meditarem dessa forma tão profunda, de fazerem esses exercícios mentais e de concentração tão intensos, eles não teriam ampliado o seu nível de consciência?

Será que eles continuariam sendo pessoas comuns, vivendo uma vida medíocre em um circo, usando uma habilidade tão importante e espiritual, para divertir as pessoas e garantir o sustento? Ou pior ainda, com sentimentos de ganância e desonestidade, usando a habilidade para trapacear no jogo? Ou será que esse exercício da Ioga é só uma forma de concentração da mente, de forma racional e objetiva?

Será realmente possível que uma pessoa use a Ioga apenas e simplesmente para melhorar a performance da mente e do corpo, sem melhorar o espírito? Sei que há pessoas que usam a Ioga para fazer exercícios físicos e contorcionismos surpreendentes, mas será que isso não amplia a consciência da pessoa?

Quero dizer, a pessoa consegue chegar a um nível impressionante de concentração da mente, mas continua tendo um ego forte, uma potente individualidade, sem nenhuma conexão com a unicidade? Isso é algo a se pensar!

A pessoa consegue ter autocontrole e equilíbrio físico suficientes para ficar de cabeça para baixo, apoiada na base da cabeça, sem usar as mãos, mas ela continua sendo desequilibrada e descontrolada nos outros aspectos da vida?

A pessoa é capaz de ver através das cartas de baralho, mas não é capaz de entrar em contato com a consciência de outras pessoas e ver o interior delas?

Isso é algo bastante estranho. Mas pode ser possível!

E, por outro lado, será que a Yoga pode ser usada para outras finalidades que não a de união com o Uno? E será que outras tradições e religiões também não foram e são desviadas de seus objetivos de tal maneira que hoje elas não servem mais ao seu objetivo original e mais profundo, que era a conexão com a Existência?

Se isso for possível, significa que a Ioga pode ser positiva ou negativa, dependendo da forma como se usa, assim como tudo aqui na dualidade, certo? E mais, dependendo de quem usa!

Então, talvez a Ioga não seja só uma forma de conexão com o Todo. Será que ela é também uma forma de levar alguém a um egocentrismo extremo, por se achar uma pessoa especial, por ter habilidades especiais?

Bem, eu entendo que sim! Que isso é possível com qualquer instrumento, técnica, método ou habilidade! Tal como um martelo, que pode ser usado para bater um prego de uma casa em construção, ou pode ser usado para dar uma martelada na cabeça de alguém quando se está com raiva.

Tal como a técnica de fazer fogo, que você pode usar para acender uma fogueira e se aquecer, mas também pode usar para incendiar uma casa. E a sua habilidade de ser forte pode ser usada para proteger, ou para atacar e amedrontar. No final, tudo depende de quem está usando aquele instrumento, aquela técnica, aquela habilidade.

A lição do filme

Assim, a lição principal desse filme para mim foi sobre os dons de uma pessoa e as técnicas que ela aprende na vida. O que a pessoa vai fazer com esses dons e com as técnicas que ela aprendeu dependem do estágio de evolução moral, ética e espiritual em que ela se encontra.

O Sr. Imdad poderia ter se tornado um iogue, a exemplo daquele que foi o mestre dele! Mas não! Ele usou esses dons para trabalhar no circo e para ganhar dinheiro para sua subsistência. E que bem ele fez ao mundo com tamanho dom e técnicas tão bem treinadas? Só o bem que ele fazia naturalmente no seu trabalho, que era proporcionar aos espectadores uma alegria, um espanto, uma diversão! Ele se tornou comum, ele se tornou só mais um! E desperdiçou seus dons e habilidades com a rotina e as frivolidades!

E o Henry Sugar? Ele foi ainda além com seus talentos e com as técnicas que ele aprendeu! Mas ele não tinha um interesse espiritual, para usar tudo aquilo que ele aprendeu para fazer o bem, a não ser doando o seu dinheiro. Mas ele, pelo menos, foi um pouco melhor que o Sr. Imdad, no sentido de que ele doou dinheiro para instituições de caridade.

Mas será que ele avançou espiritualmente com esses talentos e essas técnicas da ioga? Parece que não! Tudo que ele fez foi usar seus talentos e habilidades para ganhar ainda mais dinheiro que ele já tinha.

E quantas pessoas hoje em dia praticam yoga, meditação, pranayamas, ho’oponoponos e tantas outras técnicas ensinadas pelos mais experientes na espiritualidade, mas elas não praticam com finalidade de atingir objetivos espirituais. Não! Elas praticam simplesmente para ter mais recursos materiais! Como diria o Sr. Helio Couto, tudo que a pessoa quer é ter um carro, uma casa, um apartamento! E só!

E realmente não tem nada de errado em querer ter dinheiro, em querer uma subsistência confortável, em querer segurança e liberdade financeira, em querer trabalhar menos e ganhar mais, em querer ter prosperidade e abundância na vida material.

Mas se você considera que a vida não é só esses menos de 100 anos que a gente vive aqui na matéria, se você entende que nós somos parte de uma Unidade e que estamos colaborando com a expansão de um Universo Consciente, de uma Existência Plena e Harmoniosa, então só ter mais recursos materiais vai ajudar em que, se tudo aqui na matéria é efêmero?

Se você, assim como eu, acredita que você é uma consciência em evolução e que a cada aprendizado que você tem, você está contribuindo com a Existência, então você não seria um Sr. Imdad Khan! E muito menos um Henry Sugar! Porque você sabe que receber um dom ou uma habilidade é um presente especial da Divindade! E que nós não recebemos uma dádiva apenas para sermos pessoas comuns, desperdiçando esses presentes nessa roda de samsara!

Então, se você tem um dom, uma habilidade, um presente recebido de Deus, que tal você usar essa dádiva divina para trazer mais luz à humanidade?

Então, era isso que eu tinha para conversar com você hoje! Espero que você tenha gostado dessa reflexão filosófica sobre esse filme fantástico! Se gostou, deixe seu like iluminado, se inscreva no canal e deixe os seus comentários!

Desejo a você e a todos os seres uma vida plena com muita luz e que você siga o seu caminho na mais santa paz! Namastê!

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